Isa Cumba
Consultora em Transformação Comportamental
Business Partner da Clarity4D em Moçambique
Ser uma empresa estrangeira em um país pode ser uma experiência desafiadora e enriquecedora. Por um lado, há a oportunidade de expandir os negócios em novos mercados, diversificar a base de clientes e acessar recursos locais valiosos.
No entanto, as empresas estrangeiras frequentemente enfrentam barreiras no processo de adaptação, em parte pela dificuldade em encontrar localmente talentos qualificados que possuam as habilidades e soft skills necessárias, pois, os que pelo currículo parecem potenciais trabalhadores, revelam-se “não sérios”, com problemas básicos de pontualidade, preparação, conhecimento, engajamento, resiliência e até mesmo de ética.
Por outra, são trabalhadores desmotivados que não chegam a horas, não finalizam projetos, não têm conhecimento dos desejos do cliente e até do próprio produto que vendem. A única preocupação em suas mentes é o fim do dia e o salário no final do mês.
Portanto, embora a expansão internacional ofereça promissora perspetiva de crescimento, exige também um planejamento cuidadoso, o que leva, muitas das vezes, as empresas estrangeiras a contratar trabalhadores também estrangeiros, em detrimento de contratar localmente, devido à perceção de que os expatriados possuem habilidades técnicas e experiências que não estão facilmente disponíveis no mercado local, especialmente em sectores especializados. Além disso, esses trabalhadores tendem a ter familiaridade com os padrões e práticas globais da empresa, facilitando a integração e a consistência nos processos.
Existe também a crença de que expatriados são mais comprometidos e motivados, o que pode ser visto como uma solução para preocupações relacionadas à ética de trabalho e pontualidade. No entanto, essa abordagem pode limitar o desenvolvimento de talentos locais, que frequentemente têm um entendimento mais profundo das dinâmicas culturais e do mercado.
Por está razão, têm estado a ser criadas organizações e plataformas como é o caso da empresa JD&D Group e a Associação TTT (Transformational Talks and Training), que se têm centrado em disseminar a importância das soft skills para o sucesso profissional e pessoal, atuando como uma ponte entre as expectativas das empresas internacionais e os jovens que desejam singrar no mercado de trabalho.
Este processo envolve primeiramente, a identificação das áreas de desenvolvimento nas soft skills (destaca-se por sua vez o uso da ferramenta internacional Clarity4D), trazida por estas organizações de forma pioneira e inovadora no mercado Moçambicano, o que permite identificar as valências por fortificar e as limitações por desenvolver nos Jovens, Mulheres, Gestores e Líderes.
Facilita a criação de programas de treinamento direcionados, estimulando habilidades como comunicação eficaz, empatia e trabalho em equipe, aumentando o engajamento e a satisfação, enquanto os colaboradores são capacitados a atender as demandas internacionais.
Numa segunda fase, ou em situações em que a contratação já foi efetivada, oferecem-se serviços de mentorias, formações e dinâmicas de teambuilding, com o objectivo de alinhar adequadamente as capacidades, áreas de interesse e funções dos colaboradores.
Em um mercado competitivo, as empresas que investem nessas habilidades interpessoais não apenas destacam-se, mas também formam equipes mais resilientes e adaptáveis, prontas para enfrentar os desafios do ambiente de negócios.
Ao aprimorar as soft skills, as organizações promovem um ambiente colaborativo (fácil troca de ideias e resolução de problemas) e produtivo, contribuindo para a inovação e o crescimento sustentável da empresa, evitando os problemas primeiramente citados, enquanto facilitam-se os processos de recrutamento, garantindo certeza e precisão na escolha dos colaboradores.